A Diáspora Africana Lá e Aqui:
Artistas Diaspóricas se Encontram em Itaparica
Temos o prazer de anunciar uma sessão de residência especial em torno da Diáspora Africana, fruto de uma parceria entre o instituto Sacatar e o Institute for Diversity in the Arts da Universidade de Stanford.
De 15 de julho a 19 de agosto, o Sacatar irá receber oito artistas, incluindo mestrandas, doutorandas e professoras da Universidade de Stanford oriundas de diferentes países e artistas multidisciplinares brasileiras.
A-lan Holt / Performance / EUA
amara tabor smith / Performance / EUA
Ayoade Balogun / Artes Visuais / Nigéria > EUA
Bryn Evans / Literatura / EUA
Cíntia Guedes / Artes Multidisciplinares / Brasil
Gloria Chikaonda / Artes Visuais / Zimbábue > EUA
Keila Sankofa / Performance / Brasil
Pamela Martinez / Artes Multidisciplinares / Venezuela > EUA
O programa acontecerá na sede do Sacatar, em Itaparica, e promove um diálogo importantíssimo entre diferentes territórios da Diáspora Africana.
Este é o segundo ano da parceria do Sacatar com o IDA-Stanford, seguindo o grande sucesso da primeira edição!
Apresentação
Essa residência representa uma colaboração dinâmica entre o Committee on Black Performing Arts, o Institute for Diversity in the Arts da Universidade de Stanford e o Instituto Sacatar na ilha de Itaparica, na Bahia, Brasil.
Nosso compromisso contínuo de apoiar artistas na interseção de justiça social, envolvimento comunitário e cultura africana e da diáspora africana impulsiona essa residência única. Ela oferece às mestrandas e professoras de Stanford, ao lado de artistas multidisciplinares brasileiras, espaço e tempo para se aprofundarem em suas práticas criativas, ao mesmo tempo em que se envolvem em um diálogo intencional sobre justiça social, identidade negra transnacional e privilégio nacional. As participantes visitarão organizações de justiça social, espaços de arte e comunitários, terreiros de candomblé e outros locais importantes para a prática e a resistência cultural negra.
Por meio dessas experiências, pretendemos promover diálogos significativos e ajudar cada artista a desenvolver um trabalho criativo inspirado em seu tempo na comunidade.
Também imaginamos essa residência como uma plataforma para as artistas explorarem como a arte pode promover a cura, a justiça e o futuro dos negros na Bahia, o coração vibrante da “Africanidade” no Brasil. Em última análise, essa residência serve como um canal para
a construção de colaborações interinstitucionais em direção a esses ambiciosos objetivos compartilhados.
Esse novo grupo de residentes também inclui a performer brasileira Keila Sankofa, selecionada na edição 2024 da Convocatória Diáspora Africana no Brasil, e a artista multidisciplinar brasileira Cíntia Guedes.
A-lan Holt, Diretora, Instituto pela Diversidade nas Artes (IDA) da Universidade de Stanford
amara tabor smith, Diretora, Comitê de Artes Performáticas Negras da Universidade de Stanford
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A-lan Holt
Performance
EUA
Diretora no Instituto pela Diversidade nas Artes da Universidade de Stanford, A-lan forma estudantes de graduação nas áreas de diversidade e cultura, liderança artística e justiça social. Ela é mãe e artista praticante, cujo trabalho inclui teatro, poesia e cinema. Foi residente no Instituto Sundance, em roteiro no San Francisco Film, e é colaboradora frequente na rádio KQED Arts.
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amara tabor smith
Performance
EUA
amara tabor smith é coreógrafa e perfomer, baseada em Oakland (EUA). Ela descreve seu trabalho como Arte Conjuradora Afrofuturista. Sua prática de criação de dança utiliza rituais espirituais Iorubá para abordar questões de justiça social e ambiental, raça, identidade de gênero e pertencimento. Ela foi bolsista do USA Artist em 2018, bolsista do UBW Choreographic Center em 2017, e recebeu uma bolsa da Creative Capital em 2016 junto com sua colaboradora Ellen Sebastian Chang. amara é diretora artística da Deep Waters Dance Theater e foi co-diretora artística do Headmistress com Sherwood Chen.
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Ayoade Balogun
Artes Visuais
Nigéria > EUA
Ayoade Balogun é formada em Estudos Africanos e Afro-Americanos e Engenharia de Sistemas Ambientais pela Universidade de Stanford e atualmente está cursando mestrado em Comunicação Ambiental. Nigeriana vivendo na diáspora, Ayoade busca dar continuidade a antigas e novas formas de contar histórias e tecer sonhos herdadas de seus ancestrais e aprendidas com amigas/os e professoras/es.
No Sacatar, ela pretende usar sua experiência em impressão, estamparia e tingimento têxtil para realizar um projeto de design de tecidos específico para o contexto baiano, a partir do adire eleko, uma técnica Iorubá de tingimento com índigo que utiliza pasta de mandioca pintada à mão ou com estêncil. O adire eleko, desenvolvido no início do século 20 durante a colonização, simboliza a cultura Iorubá e serve como uma tecnologia de resistência. Isso, juntamente com a rica história do índigo na diáspora negra, o torna um meio poderoso para criar narrativas sobre a relação da cultura afro baiana com a terra. Seu objetivo é misturar motivos tradicionais de adire eleko com novos designs inspirados nos elementos naturais da Bahia, explorando as conexões entre seus significados culturais, especialmente no contexto das mudanças climáticas e injustiças ambientais.
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Bryn Evans
Literatura
EUA
Bryn Evans (Georgia, EUA) se tornou a mais jovem ganhadora do Prêmio Rabkin para jornalistas de artes visuais em 2022. Atualmente, Bryn é doutoranda no Departamento de Arte e História da Arte da Universidade de Stanford e seus textos são publicados em meios como Burnaway, Studio, CUE, Women and Migration(s) e Callaloo. De acordo com a artista, sua inspiração vem da fé como uma prática de cura, das paisagens que falam, dos músculos poéticos e da arte de amar.
Durante sua residência no Sacatar, Bryn Evans planeja envolver escritoras/es afro-baianas/os e afrobrasileiras/os para aprender mais sobre a história poética do território por meio de escrita criativa, artes visuais, música e performance. Seu trabalho irá investigar estratégias de resistência, mas também de alegria, amor e esperança. A artista se propõe a criar uma microcoleção de poesia ecfrástica que considere as geografias baianas em relação às paisagens e geografias de seus contextos de origem.
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Cíntia Guedes
Artes Multidisciplinares
Brasil
Cíntia Guedes é professora da Universidade Federal da Bahia, onde leciona no BI em Artes do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos desde 2020, atuando na área de perspectivas afrodiaspóricas nas artes. Guedes é também doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua prática, realiza performancesaparições e oficinas de imaginação radical, nas quais experimenta pedagogias indisciplinadas e cria imaginários contra-coloniais.
Seu projeto para a residência é pautado por uma questão central: A intimidade radical da vida negra com o mar pode ser uma ferramenta para recompor a memória das navegações transatlânticas? De acordo com a artista, o projeto propõe uma experiência pedagógica indisciplinada, cujo objetivo principal é abrir um espaço-tempo de fabulação criativa em torno das águas que cercam a Ilha de Itaparica, através da ativação da memória de moradoras do território. Seu trabalho dá continuidade à pedagogias desenvolvidas em suas pesquisas anteriores acerca de formas de performar a experiência temporal da diáspora negra e afro-indígena.
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Gloria Chikaonda
Artes Visuais
Zimbábue > EUA
Nascida e criada em Harare, Zimbábue, Gloria Chikaonda é uma artista autodidata que utiliza métodos variados, incluindo pastel a óleo, colagem, acrílico e tinta a óleo para explorar temas de memória política e gênero na política africana. Ela já recebeu duas vezes a bolsa Stanford Arts and Justice. Seu trabalho mais recente inclui o projeto “Flames of Zimbabwe”, uma série de retratos de figuras políticas do Zimbábue na qual ela desafia a cena política patriarcal e exclusivista de gênero do Zimbábue.
Chikaonda também é advogada, formada na África do Sul, e doutoranda em Direito (JSD) na Faculdade de Direito da Universidade de Stanford. Sua pesquisa explora como as identidade e a cultura africanas impactam o desenvolvimento da legislação no continente.
Em seu trabalho, ela encontra sinergias entre pesquisa acadêmica e prática artística, usando documentários sobre intelectualismo negro e mídias sociais e impressas como inspiração para seus autorretratos. Essas influências frequentemente aparecem em suas pinturas como elementos de colagem, refletindo temas de feminilidade negra e africana, viagem e migração negra, e identidades africanas em um mundo globalizado.
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Keila Sankofa
Performance
Brasil
Nascida em Manaus, no Amazonas, Keila Sankofa é artista visual e realizadora audiovisual. Sua prática reconhece as encruzilhadas das cidades, das telas e dos salões como territórios aptos para receberem narrativas pretas não contadas.
Seu trabalho se materializa em instalações audiovisuais que exibem vídeos performance, fotos e filmes e é pautado por temas ligados à memória de pessoas racializadas, utilizando a manipulação e ficcionalização como um aparato laboratorial e imagético, operando através das técnicas de fotoperformance, autorretrato e obras audiovisuais diversas.
A artista foi indicada ao Prêmio PIPA 2021-2023-2024 e foi residente Artística Artlab x Amplify D.A.I (Brasil – Argentina). Ela participou de projetos como a NAVE Rock In Rio, o 40o Arte Pará (PA), Um Século de Agora – Itaú Cultural (SP), Mulheres que mudaram 200 anos – Caixa Cultural e o Festival MUTEK (Argentina e Montreal). Keila Sankofa foi também selecionada para o 32o Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, 1a Bienal das Amazônias, International Film Festival Rotterdam, além de ser a Diretora artística do Projeto Direito à Memória-Outras e gestora do Grupo Picolé da Massa -DaVárzea das Artes e membra da APAN – Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro e Nacional Trovoa. Suas obras estão em acervos da Coleção Amazoniana de Arte da UFPA e do Museu Nacional de Belas Artes.
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Pamela Martinez
Artes Multidisciplinares
Venezuela > EUA
Pamela Martinez (ela/dela) é uma cineasta venezuelana, ex-aluna da UWC e da NYU Abu Dhabi, e graduada no Programa de Mídia Documental na Stanford. Em 2020, ela recebeu a bolsa Summer Film Grant da NYUAD, com a qual desenvolveu seu primeiro documentário de curta-metragem “Estado Fallido/Failed State” (2021), que explora a polarização política e social dentro da comunidade de Canaima, Venezuela. Entre seus projetos mais recentes está “Illegal Alien” (2023), uma exposição de arte baseada em pesquisa que investiga processos migratórios de gênero através do caso de mulheres venezuelanas migrantes para os EUA.
Na Bahia, a artista irá explorar a música e a dança brasileiras, focando especialmente no Candomblé e como o conhecimento espiritual e crenças são expressos através da música. Ela tem um interesse particular em aprender sobre Iemanjá e seu significado cultural no Brasil con- temporâneo, além de entender como os tambores determinam o ritual como um processo social.
A artista também pretende utilizar seu equipamento de filmagem para colaborar em explorações artísticas coletivas, conectando-se com artistas e músicos locais.