Temos o prazer de receber as/os artistas visuais Adama Delphine Fawundu (EUA), Hamedine Kane (Senegal / Bélgica / França), Iris Schabert (Alemanha) e Chris Tigra (Brasil); os fotógrafos Adriano Machado (Brasil) e Alex Oliveira (Brasil); a cineasta Gabriela I. Gaia (Brasil), e o escritor Shayan Lotfi (Irã / EUA).
Esta é a nossa primeira sessão de residência de 2025, um ano já marcado por um aumento vertiginoso de nacionalismos e autoritarismos em todo o mundo, com instituições culturais enfrentando cada vez mais pressões nas formas de censura, desfinanciamento e perseguição ideológica. Nesse contexto, reafirmamos nosso compromisso com o intercâmbio internacional e transcultural; com a diversidade, a equidade e a inclusão; e com o papel central que as residências artísticas e outras instituições culturais têm no apoio a artistas, ao passo que elas e eles nos ajudam a navegar por esses tempos sombrios.
Agora, mais do que nunca, a importância de parcerias e outras formas de colaboração entre instituições culturais está em evidência. Com isso em mente, temos o prazer de anunciar que, este ano, daremos continuidade às parcerias em andamento com o Institute for Diversity in the Arts da Universidade de Stanford (EUA) e a Fondation des Artistes (França), enquanto celebramos novas colaborações com a Factory International (Reino Unido), o Ano da França no Brasil (França e Senegal), a Fundação Bienal de São Paulo (Brasil) e muito mais!
Também temos o prazer de receber Adriano Machado e Alex Oliveira com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através do Fundo de Apoio para Ações Continuadas da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – SECULT. O apoio da SECULT nos permite receber mais artistas baianas/os e democratizar ainda mais o acesso aos profundos benefícios que as residências podem trazer para artistas da Bahia e para as comunidades locais.
Esses artistas ficarão em residência no Instituto Sacatar de 17 de março a 05 de maio de 2025.

Adama Delphine Fawundu
Artes Multidisciplinares
EUA
Adama Delphine Fawundu é uma artista visual de ascendência Mende, Bubi e Krim, que vive em Brooklyn, nos EUA. Sua prática multidisciplinar abrange fotografia, vídeo, têxteis e performance, criando obras que exploram a memória ancestral, a indigenização e a imaginação radical. Inspirando-se em ontologias africanas e nos sistemas de conhecimento indígena, sua arte investiga a resiliência das culturas africanas e diaspóricas.
Fawundu é coautora do livro MFON: Women Photographers of the African Diaspora e recebeu prêmios de prestígio, incluindo a Guggenheim Fellowship, Catchlight Fellowship, Anonymous Was A Woman Award e a Rema Hort Mann Artist Grant. Seus trabalhos estão em coleções permanentes de instituições como o Brooklyn Museum of Art, Princeton University Museum, Bryn Mawr College, Norton Museum of Art e a David C. Driskell Art Collection. Além disso, atua como professora assistente de Artes Visuais na Universidade de Columbia.
No Sacatar, Fawundu aprofundará sua pesquisa sobre o Candomblé e a preservação de sistemas espirituais de matriz africana, com foco especial nas filosofias iorubá, luba e kongo.
Fawundu foi selecionada por sua trajetória consolidada, sua perspectiva sobre temas da diáspora africana e o potencial que seu trabalho tem de ecoar profundamente na Bahia. Sua prática oferece múltiplos pontos de contato e colaboração com tradições, artistas e comunidades locais.

Archival pigment print on canvas, charcoal, kalaba chalk, acrylic paint
56 1/2 x 43 1/4 inches
143 x 109 cm

Adriano Machado
Fotografia
Brasil
SECULT
Adriano Machado é um artista visual de Feira de Santana, Bahia. Através de fotografia, vídeo, instalação e performance ele trabalha com os temas de identidade, território, memória e confiança. Sua prática investiga como pessoas negras constroem estratégias de vida em ambientes novos, conceito que ele denomina territórios afro-inventivos.
Atualmente, Machado é doutorando em Artes Visuais na UFBA e já expôs seu trabalho internacionalmente, incluindo na Bienal de Dakar (Senegal, 2022) e no 31º Programa de Exposições do CCSP (São Paulo, 2021). Ele também participou de residências como Latitude AIR (Chicago, 2022) e Pivô Pesquisa (São Paulo, 2020).
No Sacatar, Machado desenvolverá uma instalação audiovisual que utiliza a metáfora do “peixe elétrico” para examinar experiências negras ao redor do mundo. Esse trabalho se baseia em filmes e fotografias que ele tem produzido em diversas cidades nos últimos meses.
Machado foi selecionado por sua abordagem inovadora na combinação de fotografia, vídeo e performance, bem como por sua pesquisa sobre territórios afro-inventivos. Em um momento chave de sua trajetória profissional, a residência visa proporcionar a oportunidade de Machado conectar-se com outros artistas consolidadas/os e expandir ainda mais sua prática experimental.
A residência de Adriano Machado é apoiada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT) por meio do Fundo de Cultura para Ações Continuadas da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.


Photography
36×24 inch each
Photo credit: Thercles Silva

Alex Oliveira
Fotografia
Brasil
SECULT
Alex Oliveira é fotógrafo e artista visual de Jequié, Bahia. Seu trabalho combina fotografia, performance e intervenção urbana e seu foco principal é em memória coletiva e as manifestações populares no Brasil, investigando como esses elementos moldam narrativas culturais e artísticas.
Em 2024, Oliveira venceu o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, em Belém (Pará), e, em 2022, foi premiado no Salão de Artes Visuais da Bahia. Também foi indicado ao Prêmio Pipa (2021) e finalista do 1º Prêmio Adelina de Fotografia. Desde 2020, está baseado em Jequié, onde fundou a CASA 1145, um estúdio criativo compartilhado e residência artística.
No Sacatar, Oliveira dará continuidade ao Fotoperformance Popular, um arquivo fotográfico em desenvolvimento desde 2019. O projeto documenta performances e celebrações populares em diversas cidades do Brasil, como Belo Horizonte, Uberlândia, Senhor do Bonfim, Salvador, Santa Luzia, Cachoeira, Jequié e Teresina. Durante a residência, ele experimentará com montagem de imagens e narrativas para criar um esboço preliminar de um livro de artista.
Oliveira foi selecionado por sua pesquisa profunda sobre a cultura popular brasileira e sua capacidade de conectar tradições locais a narrativas artísticas amplas. A residência representa uma oportunidade de expandir sua prática em diálogo com o ambiente e as comunidades de Itaparica, possibilitando novas conexões e contrastes entreos territórios de Jequié e Itaparica.
A residência de Alex Oliveira é apoiada pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT) por meio do Fundo de Cultura para Ações Continuadas da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.


10 x 15 cm
Photoperformance and Urban Intervention
Photo by Alex Oliveira

Chris Tigra
Artes Multidisciplinares
Brasil
Chris Tigra é uma artista multidisciplinar baseada em Belo Horizonte, Brasil. Nascida em São Paulo, filha de pais migrantes do Nordeste, seu trabalho é profundamente influenciado por experiências de movimento e deslocamento. Tigra explora temas como território, identidade e comunidade, frequentemente combinando arte e ativismo.
Sua prática envolve instalação, som e intervenções fotográficas. Ela é integrante do Quando Coletivo, onde desenvolve projetos artísticos que imaginam espaços de prazer e liberdade para mulheres cis e trans em situação de rua.
No Sacatar, Tigra desenvolverá Circuito dos Diálogos Ocultos, um sistema sonoro experimental feito de tubos interconectados que possibilitam a comunicação remota por meio da propagação sonora. Utilizando materiais como bambu e resíduos industriais, o projeto é inspirado nas estratégias de sobrevivência de grupos marginalizados, incluindo africanos escravizados, que criaram formas secretas de comunicação sob opressão. A obra investiga confabulações ocultas, escuta sensível e improvisação.
Tigra foi selecionada por sua prática voltada para a comunidade e por sua dedicação a questões sociais e históricas urgentes. Sua residência no Sacatar representa uma oportunidade para aprofundar sua pesquisa e interagir com as comunidades de Itaparica.

Chris Tigra, 2023
Textile intervention on photograph by Bruno Kelly – Amazônia Real
180 x 130 cm each (unframed)

Gabriela I. Gaia
Imagem em Movimento
Brasil
Gabriela I. Gaia é uma cineasta nascida em 1995 nos subúrbios do Rio de Janeiro. Seu trabalho combina documentário e ficção especulativa, buscando uma estética e ética decoloniais. Inspirada por cineastas como Apichatpong Weerasethakul, Claire Denis, Mati Diop e Adirley Queirós, seus filmes evocam mistério e fisicalidade.
As obras de Gaia já foram exibidas no MoMA (EUA), no Festival Internacional de Cinema de Roterdã (Holanda) e no Festival Internacional de Curtas de Clermont-Ferrand (França). Ela dirigiu os curtas Escasso (2022) e Afeto (2019) e foi indicada ao 51º Emmy pela série infantil Quintal TV (2023). Além disso, venceu o Prêmio PCI de Directorxs de Cine no 35º Cinelatino por seu projeto em andamento.
No Sacatar, Gaia desenvolverá o primeiro tratamento do roteiro de M’ÁGUA, seu primeiro longa-metragem, além de gravar um teaser de dois minutos em Itaparica. O filme, uma ficção especulativa, abordará fé, luto e reminiscências em relações interraciais entre mulheres no Brasil pós-colonial, investigando também histórias de resistência feminina e religiões afro-brasileiras.
Gaia foi selecionada por sua abordagem inovadora em narrativa cinematográfica e pelo seu potencial de crescimento como artista. Neste momento crucial de sua carreira, ao iniciar seu primeiro longa, a residência oferece um apoio essencial para a cineasta expandir sua prática.

Recording of a first study of “M’ÁGUA”.

Hamedine Kane
Artes Multidisciplinares
Mauritânia > Senegal
Hamedine Kane is a Senegalese multidisciplinary artist and filmmaker based between Dakar, Brussels, and Paris. Through film, photography, installation, performance, drawing, and engraving, his work explores themes of exile, migration, heritage, and the political and social transformations of post-independence African nations, particularly Senegal. He is also deeply interested in the influence of African, African-American, and Afro-diasporic literature on political, social, and environmental movements.
Kane has participated in numerous international festivals and biennales, including the Dakar and Berlin Biennales (2022), the Momenta Biennale (2021), the Taipei Biennale (2020), and exhibitions as part of the Africa2020 season in France.
At Sacatar, Kane is developing a research project focused on three major Black American writers who lived in exile in Paris during the 1940s: Richard Wright, Chester Himes, and James Baldwin. His project is a speculative inquiry into “situated knowledge,” drawing on testimonies from researchers, literary critics, historians, geographers, and local residents. Inspired by anthropologist Anna Tsing’s concept of “the art of observing,” Kane will weave these narratives into a work that reimagines the protest novels of these writers, paying close attention to their experiences of exile and identity.
Kane was selected for his ability to connect global diasporic narratives with local contexts. Bahia’s history offers multiple points of contact and expansion for his research, particularly in relation to Black intellectual production in the 1940s and 1950s.

Hamedine Kane
Variable size
Wood, chalk and acrylic
Photo by Morel Donou
Courtesy Selebe Yoon, Dakar

Iris Schabert
Artes Visuais
Alemanha
Iris Schabert é uma artista visual de Munique, Alemanha, com formação em Belas Artes e design de metais e jóias. Ao longo dos últimos 15 anos, ela tem se dedicado à cerâmica experimental, com um foco especial em porcelana.
O trabalho de Schabert investiga a relação entre seres humanos e natureza, inspirando-se em ocorrências da natureza como fragilidade, decomposição e crescimento. Tal qual uma alquimista moderna, ela transforma e combina materiais aparentemente incompatíveis, criando novas formas e conexões.
No Sacatar, Schabert irá explorar o entrlaçamento das histórias da Europa e do Brasil por meio da cana-de-açúcar e de seu impacto sobre as pessoas e o meio ambiente. Sua pesquisa se concentrará em dois grupos de plantas: culturas comerciais, como a cana-de-açúcar, introduzidas durante a colonização, e espécies nativas deslocadas pelo processo colonizador. Usando moldes dessas plantas, ela fará experimentos usando o açúcar como material de fundição, ressaltando seu significado simbólico nesse contexto.
Schabert foi selecionada por sua abordagem inovadora no uso de materiais e sua capacidade de conectar temas históricos e ecológicos em sua obra. Sua prática é especialmente relevante na Bahia, onde a interconexão desses temas é inegável.

Porcelain, Copper and Wire
23x10x10cm each
Photo by Iris Schabert

Shayan Lotfi
Literatura
Irã > EUA
Shayan Lotfi é um dramaturgo iraniano-americano. Atualmente, é o Tow Playwright-in-Residence no Atlantic Theater, onde sua peça What Became of Us teve sua estreia. Lotfi recebeu o Horton Foote Award do Dramatists Guild, uma Menção de Excelência da Laurents/Hatcher Foundation e duas bolsas da MacDowell Fellowship. Ele é graduado pela New York University, London School of Economics e pela University of British Columbia. Além disso, ele também atua como urbanista.
O trabalho de Lotfi explora como os ambientes urbanos, instituições políticas e sistemas econômicos moldam a vida cotidiana e as relações interpessoais. Suas peças investigam como as noções de pluralismo, as tensões dentro de espaços multiculturais liberais e a interseção entre geografia, história e identidade estão em constante transformação. Ele foca principalmente nos efeitos psicológicos do processo de migração, bem como nas relações entre o Norte e o Sul Global.
No Sacatar, Lotfi desenvolverá o roteiro de uma peça de cuja narrativa acompanha múltiplas gerações de uma mesma família, explorando como suas vidas são moldadas pela migração e pelas mudanças culturais.
Lotfi foi selecionado pelo potencial que sua experiência na Bahia tem de recontextualizar os principais temas de sua obra, como pluralismo, migração e identidade.
